domingo, 8 de julho de 2012

Método Orff - Schulwerk

Em relação ao método Orff - Schulwerk, chamaram-me a atenção dois vídeos:



No primeiro produzido pela escola de música Spring ISD, da cidade de Santo Antonio, Estados Unidos, em que através da atuação da classe conjunto “The Jenkins Orff Ensemble Performs”, para além da qualidade da performance das crianças, destaco a primeira intervenção da professora Dorothy Patel. Nessa intervenção, a professora afirma que Carl Orff é “o nome de um compositor do século XX, que acreditava que uma criança é musicalmente similar ao homem primitivo”. Esta referência enquadra-nos nos primórdios do pensamento do compositor, segundo o qual, a criança muito jovem não possui qualquer base musical e baseia-se nos movimentos e sons naturais para produzir música. De facto nas bases da abordagem de Orff situa-se a ideia de que a música deve ser aprendida como se aprende uma língua, através da observação, imitando e repetindo o observado, podendo mais tarde interpretar os símbolos apreendidos pela observação.





O segundo vídeo apresenta-nos o método Orff – Schulwerk, enquanto “abordagem do desenvolvimento que ensina música que induz as crianças a uma aprendizagem com sucesso através das suas capacidades e desejos naturais, para cantar, movimentar-se, criar, tocar e explorar”. Desde o início se destacam, como primeiros passos para a aprendizagem musical, o movimento e o elemento rítmico. De facto, método Orff – Schulwerk incorpora a voz, o canto, o movimento e a utilização de instrumentos num ambiente criativo. A voz constitui um importante elemento, não apenas porque permite um ato rítmico inerente, mas porque proporciona uma simples e natural transição da voz para o ritmo e do ritmo para a voz. A partir de então passa-se da voz para ritmos corporais e destes para a aprendizagem de um instrumento. No instrumento e depois do ensino das notas, utiliza inicialmente a escala pentatónica porque confere segurança e permite o improviso. A última parte da música elementar consiste na capacidade da criança desempenhar o seu papel de instrumentista, sem qualquer treino ou instrução prévia.

Tal como é referido no primeiro vídeo, o instrumental Orff é fundamentalmente composto por instrumentos de percussão de altura definida, xilofones ou outros instrumentos similares de barras removíveis, para permitir ao professor alterar a ordem das barras para ensinar diferentes escalas e evitar a confusão dos mais novos.

Jacques Émile Dacroz


O Masterclass divulgado na notícia em anexo (clique para ver) é muito interessante porque nos põe em contacto com aspectos fundamentais do pedagogo suíço Dalcroze. De facto, a partir desta notícia, ficamos a conhecer alguns dados da sua vida, algumas referências biográficas, experiências profissionais, a sua obra e, naturalmente o seu método, euritmia. A euritmia enquadra-se num contexto de formação integral, por meio da música e do movimento. Actua como actividade educativa que desenvolve a escuta activa, a voz cantada, o movimento corporal e o uso do espaço. Dalcroze enfatiza o facto do corpo e da voz serem os primeiros instrumentos musicais, e estimula, através de jogos e dinâmicas activas, a aprendizagem das crianças desde tenra idade. Pessoalmente, pela dinâmica que imprime e pelo estímulo à criatividade que promove, é um método que particularmente me agrada. De facto, este método, tendo por “objectivo criar, através do ritmo, uma corrente de comunicação rápida e regular e constante entre o cérebro e o corpo, transformando o sentido rítmico numa experiência corporal”, desenvolve os níveis de concentração, a reacção imediata ao estímulo, a coordenação motora e o domínio das possibilidades corporais (Mantovani, 2009). Um importante registo que esta notícia destaca, é a influência pela integração da melodia musical com a expressão corporal, do método Dalcroze no contexto das artes cénicas, da educação física e até da musicoterapia.